15 julho 2016

Batalha de Escritores [3° Batalha]

Hoje termina e também se inicia mais uma batalha de escritores. Estamos chegando a nossa reta final, mas antes irei anunciar a ganhadora desse segundo desafio.

Com 62% dos votos, Bia Todt, escritora do conto Na Floresta é a vencedora da segunda etapa da Batalha de escritores.

Agora vamos conhecer o terceiro grupo, que irá competir nesse etapa da batalha. Elas são:

Confira os contos dessas incríveis escritoras:


Conto de: Ana Lícia Morais
Título: Vou a Lua Gênero: Drama
Perfil no Wattpad: ***


          O vento gelado do rio batia contra os cabelos de Luna, que andava calmamente pela borda de concreto que separava a água da terra. Os seus passos ecoavam pela escuridão da noite enquanto a lua cheia brilhava no céu negro, refletindo sobre o flúmen. Luna, com o seu andar sereno, vagava amargurada, e acreditava que ali deveria ser o seu fim. A garota vivia fugindo do seu exílio, mas foi inevitável não seguir o que os seus sentimentos mandavam.

          Pusilanimidade tomava conta de sua mente enquanto a solidão percorria o seu coração numa súbita batalha entre a razão e a emoção, e Luna só queria que aquelas sensações saíssem de dentro do seu peito, mas ela sabia que isso não era possível naquele momento. A verdade é que Luna estava cansada de sofrer calada. Todas as palavras de socorro foram ignoradas, e os pedidos de ajuda foram guardados dentro de si com um sorriso fingindo a felicidade. Para ela, era mais fácil mentir um deleite falso do que uma amargura verdadeira, já que a melancolia é sempre rejeitada e postergada. A garota vivia ouvindo as vozes das pessoas ao seu redor lhe dizendo que tudo não se passava de coisas da sua mente adolescente, e isso fez com que ela se enganasse. Mero erro.

          Ela se sentia diferente. Seu corpo havia mudado, seus desejos eram outros e as suas vontades não eram compatíveis com a sociedade em sua volta. Luna só tinha vontade de ser criança novamente, onde a inocência pregava a sua alma e suas utopias eram iluminadas pelos devaneios. Adorava recordar do seu sonho de ser astronauta. Vivia deitada no gramado de sua casa na noite estrelada para olhar a lua, e aquele sempre era o seu momento preferido do dia. Ela não sabia como, mas entregava a sua consciência para outro mundo, e viajava pelo espaço.

          E agora, contemplando a luminosidade da lua brilhando contra o rio, ela teve vontade de ficar naquele cenário para sempre. O vento reconfortante fazia com que os pelos do seu corpo se arrepiassem, e ela queria o arbítrio de sentir aquilo entrando profundamente por cada poro de sua pele. Luna se sentou na viga de tijolos e observou o rio, do qual corria calmamente o próprio percurso. Assim como aquelas águas, Luna também desejava ser livre, mas não era possível. Não mais. Na verdade, Luna desejava ser muitas coisas. Ela já pensou em ser como o vento ou como uma simples flor na primavera; já se imaginou pintando um quadro e expressando os seus instintos; já se viu sendo médica, professora, veterinária e diretora, mas nada era comparado a vontade de ser a lua.

          Luna se identificava com cada fase, e já passou por todas. Assim como a lua nova, Luna quis eclodir e sair do apagão, indo para a crescente. Suas ideias estavam mais claras, e ela estava descobrindo si mesma. Na lua cheia, quis sair do anonimato. Dizer para a sua família sobre a sua sexualidade foi à coisa mais difícil que enfrentou, mas ela estava mais certa de si do que tudo, e pensava que nada a deixaria para baixo, mas isso foi um engano. Logo em seguida, a lua minguante a pegou de surpresa, junto de uma fase escura que era o contrário de tudo o que já havia passado, e teve que enfrentar o seu pior medo, a última fase.

          Luna odiava falar o nome dessa etapa, mas era inevitável. Ela a chamava de eclipse, onde tudo se une num único conjunto de ira. O fim de um ciclo acontecia nesse momento, e ela queria chorar, gritar e expulsar todas as vozes que envolviam os seus pensamentos, mas nada aconteceu. Ela já estava acostumada com o sufoco de suas afecções, e não sentia mais nada além de uma vontade imensa de ter o seu corpo inteiro afundado pela água gelada que batia em seus tornozelos.

          Relutante com a nova ânsia, Luna se levantou e observou a correnteza se mover enquanto o fluido era um barulho entorpecente para seus ouvidos. A garota fechou os olhos e imaginou estar pisando na lua, onde não havia ninguém além de si mesma num espaço sem regras, e pela primeira vez ela se sentiu bem, e reconheceu que ali poderia ser o seu fim. Ninguém ditava as normas para ela, que corria livremente pela gravidade do espaço. Mas ao mesmo tempo, a gravidade da sua caída era enorme no mundo real, e o seu corpo fracassava conforme ela ficava embriagada nas suas divagações. Com os olhos fechados, Luna não percebeu o quão decaindo seu corpo estava, e acordou quando sentiu um toque confortável em seus ombros lhe puxando para trás antes que encontrasse com o rio.

— Você não pode fazer isso! — uma voz disse. Luna sorriu com a entonação, que era como uma música clássica para seus ouvidos. — Você tem em mente o que estava prestes a fazer!?
          Luna achava que estava no céu, e que aquela garota era o anjo mais bonito que poderia existir. A sua pele branca contrastava bem com seus cabelos pretos e lisos, junto de seus olhos cor de mel.
— Eu estava indo para a lua — disse Luna, que se arrependera logo em seguida. — Meu nome é Luna.
— Luna na lua. Você só pode estar brincando — rebateu. — Me chamo Sol.

          E então Luna sorriu. Ela não sabia ao certo como descrever o que estava sentindo, mas talvez aquele sol fosse o que estava faltando para o sistema funcionar perfeitamente. Seus lábios ficavam cada vez maiores de alegria, formando um riso que durou por pouco tempo ao lembrar-se da sua realidade.

— Eu não posso mais... — Luna começou, mas não foi capaz de continuar.

          Sol continuava com um olhar de interrogação, e queria entender os motivos de Luna. Elas caminharam em direção a um banco que havia de frente ao riacho, e se sentaram para observar a negritude da noite. Luna não parava de olhar o céu estrelado, e sorria internamente ao ver suas constelações preferidas. Já Sol, não conseguia parar de olhar para a garota dos cabelos roxos, e queria entender cada vez mais os seus motivos, porém, ela sabia que isso levaria tempo.

— Eu vivo em outro mundo, Sol — a garota dos cabelos roxos divagou. — Eu não me achei nessa vida ainda.
 — A partir do momento em que você conhecer a si própria, verá que nada poderá te afetar — Sol indagou colocando suas mãos macias sobre as de Luna. — Você perceberá que nada mais importará, e vai viver por si própria.

          Luna não conseguia entender como que ela havia acertado no pensamento, mas Sol havia resumido o que ela estava sentindo. A garota precisava revelar que gostava de meninas, e que não pensava em se casar como se aquilo fosse uma regra da vida. Luna queria conhecer o mundo, ser livre, não ter compromisso e descobrir coisas novas; queria mostrar o seu brilho para as pessoas e dizer o quão igual a todos ela é.

          Sol havia compreendido o que Luna estava querendo dizer apenas com um olhar que as duas trocaram, e nesse momento souberam que podiam se completar mais do que peças diferentes de uma única máquina. Elas se olhavam com a alma, e o silêncio era um complemento a mais no momento. Luna estava com vontade de abraçar Sol e dizer obrigada, e foi isso o que ela fez.

          Quando os seus corpos se encontraram, uma eletricidade passou por partículas entre elas, e não havia física que explicasse o quão certeiro aquilo foi. Sol descobria um novo sentimento que nunca havia passado dentro de si, enquanto Luna queria se perder no tempo e se agarrar no corpo da garota que acabara de conhecer. Mas isso não aconteceu.

          No momento em que se separaram, não tiveram coragem de se encarar. Luna percebeu então que passou a vida inteira desacreditando no amor no primeiro contato, mas estava vivendo um naquele exato momento. Palavras não ditas não fizeram falta naquele segundo quando sorriram uma para outra, e sabiam que aquilo não iria acabar por ali.

          Sol estava assustada por essa nova atração, pois nunca imaginou que um dia iria se interessar por uma garota, mas Luna, com toda a sua singularidade, fez com que ela se encantasse. Em pouco tempo, já pensava no seu sorriso, e queria fazer com que aquele largo riso se estendesse por dias, tirando toda a tristeza que havia dentro do seu coração. Luna queria fazer o mesmo por Sol, e logo tratou e tomar a iniciativa de pegar o seu número.

— Eu não quero perder o que aconteceu hoje, e eu não sei o que isso tudo é — Sol desabafou.
— Então vamos descobrir juntas — Luna completou seu pensamento, sorrindo logo em seguida e pegando em suas doces mãos.

          Naquele instante, Luna percebeu que podia ser o suficiente para apenas um alguém, e não iria pedir mais do que isso. Uma pessoa que a entendesse era o que faltava para ajudá-la na depressão que passava.

— Você sorri com a lua minguante nos lábios e a lua cheia no olhar — Sol disse entre dentes, tirando um riso relaxado de Luna.

          Ela queria ser a lua, mas era apenas a Luna, e Sol estava gostando daquilo.


Conto de: Maressa Aguiar
Título: Taciturnidade  Gênero: Roamnce
Perfil no Wattpad: ***

A noite era de festa no grande colégio Primeira Escolha. Ex-alunos e atuais circulavam pelos corredores do colégio com roupas de gala. Entre os homens, alguns de gravata borboleta, outros apenas com a básica, alguns o perfume era discreto junto com o penteado, outros preferiam deixar seu rastro por onde passavam. Entre as mulheres a adversidade de vestidos era enorme, alguns longos vestidos vermelhos de tirar o fôlego circulavam, outros tantos pretos básicos,  realçados com a maquiagem ousada, marcava presença. Vestidos e ternos de todos os gostos estavam ali.         O colégio festejava os cinquenta anos desde sua inauguração, era uma festa bonita e grande, só que.

― Reivle... falta dez minutos ! ― Disse Daniela da porta.
― Eu preciso de mais tempo...ele ainda não chegou! ― ela dizia andando de um lado para o outro impaciente.
― Se o Caio não chegar você entra sozinha...
― Ficou louca! ― ela disse ríspida.
― Reivle não dá pra esperar mais do que isso ....eles vão nos chamar pra dar início às honras, além disso, ele pode entrar depois a parte dele é logo no fim.
― Mas... mas... eu não entro sem ele.―Reivle bateu o pé e fechou a carta. 
Daniela não sabia se xingava a amiga ou se dava um murro na parede. 
― Corre Caio...! ― Lucca dizia de dentro do carro.
― Tô mega atrasado não é?! ― disse ao entrar no carro do amigo. 
Caio depois que completou o ensino médio no colégio Escolha decidiu estudar em São Paulo deixando Reivle, em Lavras Minas Gerais. 
― O vôo atrasou cara... Cadê meu sapato? Ele estava por aqui...―ele se arrumava apressado dentro do pouco espaço que o carro tinha. ― ACHEI!!
― Você sabe que a Reivle vai te matar não é!? ― perguntou Lucca com um sorriso no rosto.
― Ela me ama...vai entender! ― cauçou o sapato enquanto dizia.
― Mas hoje é um dia importante para ela e você está....
― Atrasado!? É eu sei, mas a culpa não foi minha... Já estamos chegando?
― Você está pronto?― perguntou Lucca dobrando a última rua antes de chegar ao colégio.
― Falta colocar a blusa pra... ― se contorcia para colocar a blusa branca para dentro da calça ― Dentro e a gravata, agora pisa no acelerador meu filho!! 
Lucca ria ao ver o amigo nervoso, ele já estava arrumado e cheiroso, ele tivera tempo para se arrumar ao contrário de Caio. 
― Como é que ela está? Você a viu não é ?! ― perguntou Caio tentando fazer o nó da gravata borboleta.
― Minha irmã?! Há a Dani está linda como sempre...
― Não é a sua irmã mané!
― Atá... a sua namorada está mais ou menos sabe como é né!? ― disse Lucca querendo provocar o amigo. 
Caio enfim conseguiu o nó certo na gravata e saiu em disparada assim que Lucca estacionou em uma vaga no fim do quarteirão. 
Reivle andava em círculos na pequena sala de espera ao lado do auditório onde alguns alunos chegavam e se acomodavam. 
― Quer parar com isso? ― disse Daniela impaciente ― Você vai acabar suando garota!
― Me deixa Dani! O Caio me paga! ― disse antes de ouvir um batido na porta.
― Esta na hora pessoal... ― um cara abriu a porta, ele era da organização da festa por isso seus fones e sua blusa diferenciada. ― Mas... está faltando oo.. ― conferiu o nome em uma das suas listas ― Caio Dantas... cadê ele ? 
Ele ficou olhando as garotas  esperando uma resposta e elas um milagre. 
― EU ESTOU bem aqui! ― disse Caio afobado.
― Ótimo! Vamos, está na hora de vocês entrarem em ação. 
Reivle o fuzilou com os olhos e ele sorriu encantado com a beleza da sua namorada. 
― Você fica linda com raiva sabia?! ― disse Caio no ouvido de Reivle.
― Você é um BABACA! ― ela disse em fúria o cutucando com o dedo.
― Ei! Já vamos entrar , parem com isso já!― disse Daniela irritada com a situação. 
― É bom te ver de novo Dani. ― disse Caio abrindo um sorriso. 
― Digo o mesmo.
As cortinas vermelhas que impediam a plateia  de ver o palco  caíram e o coração de Caio, Reivle e Daniela batiam forte, isso indicava que a festa só estava começando. Daniela foi a primeira a entrar, ela estava mais linda do que nunca, seus cabelos loiros repicados tinha um brilho diferente nessa noite de gala, seu vestido azul marinho contrastava com a cor de seus olhos e sua desenvoltura ao apresentar toda a trajetória do grande colégio era perceptível e admirado. 
― Por que você demorou tanto ein?!― Perguntou Reivle. 
― Meu vôo atrasou...não foi culpa minha! ― disse Caio antes de ver Reivle entrar no palco com um buque de rosas vermelhas para a diretora do Colégio. 
Reivle era uma morena linda de cabelos lisos ondulados e dona de um olhar castanho-esverdeados penetrantes e seu sorriso era o mais lindo. Bom isso na concepção de Caio.

Mais algumas palavras foram ditas antes de Caio assumir seu papel no palco junto às meninas. Caio falou dos melhores momentos do colégio, num tom brincalhão todo original arrancando a gargalhada de todos ali presentes antes de comunicar que a pista de dança estava aberta e que todos poderiam festejar os cinqüenta anos do colégio, Primeira Escolha. 
Passado alguns minutos o auditório estava vazio e só restava Caio e Reivle, o casal vinte do ano anterior.

―Você é um Babaca. ― ela disse.
― Eu não sou um babaca só porque meu voo atrasou! ― ele retrucou com as mãos na cintura. 
― Não por isso Caio... mas por fingir por um semestre inteiro que NÓS não existíamos.... 
― Eu nunca... 
― Fez! ― ela o interrompeu com lagrimas no rosto. 
― Reivle...qual é?! Eu estou aqui não estou? ― disse abrindo os braços indo a sua direção. 
― Mas e antes? Talvez você esteja com medo de admitir  que não quer mais... 
― Eu não estou com medo. Porque eu não quero que isso acabe! 
― Isso?! 
― É modo de dizer Reivle não leve isso tão a serio! 
― Não leve a serio?! ―ela parou por um instante e o olhou, talvez fosse melhor tomar coragem e acabar com tudo. ― Nós somos diferente demais Caio, não vai dar certo é melhor cada um ir. 
― Não para. Tudo isso porque me atrasei? Esta brincando não é? ― ele disse inconformado. 
― Não por isso, mas por me fazer de idiota, me deixar de escanteio, por fingir que não existo e voltar como se nada tivesse acontecido. ― ela gritou.
― É... realmente somos diferentes, você nunca vai entender o porque fui pra São Paulo. ― desfez o nó  da gravata e  foi saindo sem olhar pra trás , deixando Reivle estática no meio do palco vazio.  
― EU TE ODEIO CAIO!!! ― Ela gritou. 
― EU AINDA MAIS GAROTA!! ― Respondeu logo em seguida.

Taciturnidade. Você conhece essa palavra? Eu não conhecia ate ver o que aconteceu logo depois com esse casal. Taciturnidade é uma densa tristeza que invade o corpo de seres incapazes de serem felizes. 
Caio atravessou todo salão de festa, pessoas dançavam, sorriam e se divertiam. Mas ele só queria um espaço para pensar, queria tentar esquecer o que tinha acontecido e mais, queira voltar no tempo. Reivle sentou no palco sem se importar com o seu vestido lindíssimo comprado às prestações e chorou, tanto tempo de namoro para acabar assim, então ela correu para tentar talvez reverter o que tinha dito . Antes mesmo de atravessar a rua Caio  viu uma correria logo na esquina, um homem corria como se fugisse  de algo, observou mais um pouco e viu uma arma em sua mão e para não esbarrar com  homem deu mais alguns passos a frente sem ver o carro que se aproximava. 
Antes de gritar "NÃO" Reivle viu seu grande amor se chocar com um carro em alta velocidade. A taciturnidade pode vir sem que você perceba e talvez ela seja irreversível. 
Pense um pouco antes de dizer que odeia tanto alguém aponto de deixa-la. É precioso tomar cuidado com as faíscas, é preciso tomar cuidado com o agora. 
Para o alento dos corações apertados, Caio sobreviveu, mas antes deixou Reivle sentir o sabor da taciturnidade. 

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