Bom,
irei abrir os trabalhos hoje estreando com o tema Esportes, meu hobby
preferido. E dentro dele irei falar sobre o melhor esporte do mundo - na minha
visão de atleta - O Skate. Claro que focando na categoria Feminino.
De
forma resumida, para quem não sabe o skate surgiu nos EUA na metade do séc. 20 através do norte-americano DOC HEATH BALL, que pondo rodinhas de
patins em tábuas, criou o famoso "carrinho", como é
chamado pelos mais íntimos. E aderido por surfistas em 1950 quando não haviam ondas no litoral da Califórnia.
Na prática, o esporte é subdividido em várias
modalidades, sendo a mais utilizada no ranking feminino o Street.
Street,
conhecido como Skate de Rua, utiliza-se da arquitetura da cidade, focado sempre
em corrimões, caixotes, calçamentos, e os famosos Gapes: calçadas altas ou
escadarias em geral. Não somente na categoria feminina como também de modo
geral, é a modalidade mais praticada e concorrida no mundo.
Eu
poderia ficar aqui falando horas a fio sobre todos os benefícios do esporte,
como é bom, atrai pessoas, amigos e muita aventura e diversão, mas acho que
isso todo mundo já sabe. Então, partirei para as questões mais polêmicas.
O
skate feminino ainda é muito polêmico e mal visado - embora isso esteja
realmente ganhando uma nova e melhor perspectiva - todo mundo já sabe. Sendo
considerado por muitos um esporte "masculino", o tenso é saber que, a
maior parte desse preconceito, é gerado pelas próprias meninas ou familiares -
Eu disse que era polêmico, num disse? Além de envolver todo esse preconceito,
ainda há outras pedrinhas na roda - que não vamos deixar de debater.
Dando
início a "treta", devo ressaltar que nem mesmo uma das maiores
Skatistas brasileiras, praticante da modalidade escapou desse tabu. A paulista
de 22 anos, Letícia Bufoni, ícone para muitas meninas hoje em dia - inclusive
eu - sofreu preconceitos ainda muito nova ao ingressar no esporte, até mesmo do
próprio pai - o que não é diferente do que muitas meninas passam.
A fim
de esclarecer um pouco mais esse tema, resolvi convocar algumas meninas,
experientes e iniciantes, pra explicar isso melhor e nos tirar várias dúvidas.
Abaixo, elas deixam seus respectivos depoimentos a respeito do assunto, e elas
não economizaram palavras!
A Marciely tem 17 anos, anda de skate desde os 13 e é cearense;
A Mecia é paulista, mais conhecida como Mel, e tem 20 anos.
Iniciante, anda há 8 meses.
A Thaty é de Goiás, e com seus 24 anos, já pratica o esporte
há 1 anos e meio.
1. A princípio meninas, o que queremos saber de vocês
é: Como entrar para esse esporte tão polêmico e o que esperar dele?
Marciely: "Uma dica que dou para as meninas que tão
começando é fazer isso por diversão, por amor. Pois manobras e títulos vêm com
o seu esforço. Não deve focar só em andar para ganhar algo com aquilo, como
acontece muito. Começam já com esse foco em rankings, patrocínios, e quando
você faz isso sem estar gostando, sem ter a verdadeira essência, você acaba se
decepcionando porque descobre que não é tão fácil".
Mel: "Pra mina iniciante, o legal é manter o foco e
andar de skate na boa, na humildade, depois se dedicar e realizar o
sonho".
2. E o temido PRECONCEITO, meninas?
Mel: "Quando comecei, meus pais não gostaram... Mas
Eu comprei meu skate com o dinheiro do meu trampo, ai sim eles viram que eu
realmente gostava, e que skate é como qualquer outro esporte".
Marciely: "Acho que tá bem menos, as meninas já tão
mostrando que podem ter seu espaço, não só no skate, como em outros esportes.
E os que vem da família ou da
rua?Quando você faz o que você gosta, quando você ta feliz com aquilo, você
acaba não ligando pra alguns mimimis. Eu ainda enfrento isso na família, por
ser a mais nova. Eles ficam falando suas profissões e falam de mim: "e
ela, skatista", tipo zombando. Mas eu não ligo".
3. E quanto aos pais? Como enfrentar ou não essa
situação ainda sendo menor de idade?
Marciely: "Ah, eu sou menor, e eu encarei mesmo! Mas acho
que foi a confiança que passei pra minha mãe que ela viu que não é porque eu
virei skatista que eu deixei de estudar, que eu me tornei uma má pessoa, ou que
uso drogas.
Tathy: "Eu sempre fui
apaixonada por skate, mas meus pais nunca me deixaram andar. Compraram um skate
bad e eu só podia andar dentro de casa, então ficava assistindo vídeos, e até
andava sozinha em casa às vezes. Quando fiquei maior de idade, comecei a
trabalhar e a dirigir, aí que comecei a andar de skate mesmo. Pena que agora
tenho mil compromissos, mas quem gosta não tem barreira não".
4. Bom, todo mundo sabe que há uma rincha épica entre
as Skatistas e as famosas "modinhas". O que vocês acham delas? É
possível identifica-las?
Mel: "Ah, "modinha" tem de monte. Tipo
aquelas pessoas que só andam de skate pra se aparecer ou pra tirar fotos
dizendo que é "skatista". O skate pra quem tem foco é bem diferente.
É visível a diferença, sabe!".
Marciely: “Eu acho que "modinhas" tem um lado
positivo e negativo. Tipo, o lado positivo é que acaba se tornando mais comum
pra sociedade ver uma menina andando de skate, e pelo modo de se vestir, de
andar. Mas por elas terem um estilo mais "feminino", acaba sendo um
lado negativo no skate feminino de verdade, porque com isso muitas pessoas não
enxergam a verdadeira essência do skate. As modinhas andam por andar, por algo
passageiro que tá na moda. Mas os que tem a essência sabem o que é ser skatista,
que não é só por e estar ali em cima do skate ou manobrando".
Tathy: "Acho que nem rola se preocupar com isso. Primeiro que querendo ou não ajuda a
movimentar o mercado e outra que: quem é de verdade, permanece".
5. E sobre o "estilo"? Vocês acham que vão
adquirindo ele com o tempo, ou acreditam que já nascem com esse naipe
"largadona" e "boca suja" (gírias) de ser?
Mel: "Eu acredito que nascemos com esse estilo. kkkk
Em relação às roupas, elas definem a nossa personalidade e escolhas. Quanto à
"boca suja" e tals, é a nossa marca. Quando você erra uma manobra, você
xinga até o seu cachorro kkkkkkk".
Marciely: "Acho que você adquire, porque você vai conhecendo
outras culturas, pessoas, tendo experiências, e aí vai descobrindo seu estilo,
tanto de vestir, como de ver o skate, de pensar, e por ai vai".
Tathy: "Eu conheço um cara que anda muito de skate e não tem
estilo nenhum relacionado kkk Eu mesma
nem curto palavrão, não fumo... O estilo de vestir eu sempre curti, então acho
que isso vai da pessoa mesmo. Mas claro que tem gente que é super influenciado".
6. A respeito do
rótulo de skatista serem "tudos vagabundos", procede, ou há exceções?
Mel: "Ah com certeza tem exceções. Claro que tem
skatista que o sonho é só viver do skate, e, tipo, largam os estudos e tals.
Mas tem gente que mesmo com o sonho de virar profissional, estuda e tem objetivos.
Curtição e tals e ótimo, mas pensar em um futuro também né".
Marciely: "Depende do sentido vagabundo. Se vagabundo for
você se divertir como criança, independente de idade, e ter esse estilo de vida
do skate, procede sim kkk. Mas se for por usar drogas, não ter profissão, nem
estudos, claro que isso tem e muitas exceções".
Tathy: "Essa fama vem da história. Quando era proibido andar
de skate, os caras iam contra as leis pra andar e por causa do estilo largado,
acabou criando esse estereótipo. Hoje a galera trabalha, estuda, e mesmo quem
só anda de skate, esse é o trampo dele. Mas como em qualquer esporte, sempre
tem os atoas que tão nem aí kkkk".
7. Vem cá, e por ser meninas? Qual a maior dificuldade
que vocês já enfrentaram?
Mel: "Pra mim, como garota a gente se preocupa com a
aparência e tals. Então foi quando eu caí uma vez e machuquei feio a boca...
essa foi a maior dificuldade: ficar sem passar batom kkk Mas foi de boa. E
também tem os olhares das pessoas, que é tipo: "vai pra casa, lavar louça kkk".
Marciely: "A maior dificuldade que ainda passo é por ser menina
e skatista, que não tem o "padrão
modelo da sociedade". E ainda é muito ruim, não tem como disfarçar. Você é
vista como diferente por fazer o que gosta, andar do jeito que gosta, não
seguindo esses padrões".
Tathy: "Acho que companhia pros rolês. Não tem muita
menina que anda, e você tem que ir na coragem pra pista, apender com os meninos
e se esforçar mais pra tá no meio.
No meu caso, também por ser menina
na minha adolescência, meu pais não deixaram eu andar na rua".
8. Certo. Mas como os meninos te tratam nos rolês?
Mel: "Com os amigos é bem de boa. E como sou iniciante, os
que não me conhecem, quando vêem que não sou "modinha" - haha - eles
me ensinam as manobras. Tem alguns q não gostam, mas pra mim é indiferente...
Pelo menos nas pistas que eu vou e são públicas haha".
Marciely: "Ah, eu sou muito mais "skate" que vários
meninos marreteiros por aí haha. E sempre
respeito todos, assim sou respeitada também. Mas, de preferência, ando
com os de verdade que aí não rola treta kkk".
Tathy: "Não rola aquela amizade de chamar pro role. De
chamar pros camps (campeonato) fora da city. Mas quando eu colo na pista eu sempre sou MUITO
bem tratada, nunca sofri preconceito nenhum. Pelo contrário. Além do respeito,
eles dão várias dicas".
Bem!
Por último meninas, gostaria que vocês definissem o SKATE em uma frase.
Mel: "Liberdade e rumo".
Tathy: "Um esporte que acabou virando estilo de
vida".
E
para um incentivo a mais, a skatista amadora Pipa Souza,
deixa seu depoimento pra gente.
"Eu descobri o skate quando eu tinha 13
anos, eu não tinha renda alguma e muito menos apoio da minha mãe. Quando somos
mais novos, tudo parece ser mais difícil e tudo parece ser mais distante, mas
se pararmos para pensar, tudo depende somente de nós.
Foi
aí que eu percebi que para seguir andando de skate, eu ia ter que conseguir
motivação sozinha. Comecei a trabalhar no primeiro trampo que apareceu,
comprava meus shapes e tênis numa boa. Se não fosse por essas condições, talvez
eu não tivesse amadurecido tão cedo.
Posso
dizer que o skate me ensinou o significado da palavra independência! Em relação
ao preconceito por ser menina que anda de skate, eu nunca sofri. Meus amigos
sempre acharam legal ter uma garota no rolê.
O
maior preconceito que sofri foi dentro de casa e nas ruas, por causa da minha
sexualidade. Nada que não possamos resolver com um bom diálogo e mostrar para
nossos pais que não tem nada de errado em andar de skate e nada que um
"foda-se" não resolva, caso algum homofóbico venha tentar te encher o
saco.
Acredito
que hoje em dia ainda podem acontecer casos de preconceito sim, mas quando
descobrem sobre a sexualidade de algumas meninas que andam de skate.
Quanto
a isso, passa por cima e bola pra frente, porque a sociedade ainda tem muito
que evoluir".
Instagram: @pipasouza
Twitter: @pipaskate
Fanpage: Pipa Souza
Bom pessoal,
essa foi a matéria sobre esportes. Vimos que skate é esporte de menina SIM!!! Então
se você se identifica, tem vontade de aprender, conhecer não ligue para
opiniões de terceiros. Beijos e até a próxima.
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