11 abril 2016

Skate também é para garotas!




Bom, irei abrir os trabalhos hoje estreando com o tema Esportes, meu hobby preferido. E dentro dele irei falar sobre o melhor esporte do mundo - na minha visão de atleta - O Skate. Claro que focando na categoria Feminino.

De forma resumida, para quem não sabe o skate surgiu nos EUA na metade do séc. 20 através do norte-americano DOC HEATH BALL, que pondo rodinhas de patins em tábuas, criou o famoso "carrinho", como é chamado pelos mais íntimos. E aderido por surfistas em 1950 quando não haviam ondas no litoral da Califórnia.

Na prática, o esporte é subdividido em várias modalidades, sendo a mais utilizada no ranking feminino o Street.

Street, conhecido como Skate de Rua, utiliza-se da arquitetura da cidade, focado sempre em corrimões, caixotes, calçamentos, e os famosos Gapes: calçadas altas ou escadarias em geral. Não somente na categoria feminina como também de modo geral, é a modalidade mais praticada e concorrida no mundo.

Eu poderia ficar aqui falando horas a fio sobre todos os benefícios do esporte, como é bom, atrai pessoas, amigos e muita aventura e diversão, mas acho que isso todo mundo já sabe. Então, partirei para as questões mais polêmicas.

O skate feminino ainda é muito polêmico e mal visado - embora isso esteja realmente ganhando uma nova e melhor perspectiva - todo mundo já sabe. Sendo considerado por muitos um esporte "masculino", o tenso é saber que, a maior parte desse preconceito, é gerado pelas próprias meninas ou familiares - Eu disse que era polêmico, num disse? Além de envolver todo esse preconceito, ainda há outras pedrinhas na roda - que não vamos deixar de debater.

Dando início a "treta", devo ressaltar que nem mesmo uma das maiores Skatistas brasileiras, praticante da modalidade escapou desse tabu. A paulista de 22 anos, Letícia Bufoni, ícone para muitas meninas hoje em dia - inclusive eu - sofreu preconceitos ainda muito nova ao ingressar no esporte, até mesmo do próprio pai - o que não é diferente do que muitas meninas passam.

A fim de esclarecer um pouco mais esse tema, resolvi convocar algumas meninas, experientes e iniciantes, pra explicar isso melhor e nos tirar várias dúvidas. Abaixo, elas deixam seus respectivos depoimentos a respeito do assunto, e elas não economizaram palavras!

         A Marciely tem 17 anos, anda de skate desde os 13 e é cearense;



A Mecia é paulista, mais conhecida como Mel, e tem 20 anos. Iniciante, anda há 8 meses.


A Thaty é de Goiás, e com seus 24 anos, já pratica o esporte há 1 anos e meio.


1. A princípio meninas, o que queremos saber de vocês é: Como entrar para esse esporte tão polêmico e o que esperar dele? 

Marciely: "Uma dica que dou para as meninas que tão começando é fazer isso por diversão, por amor. Pois manobras e títulos vêm com o seu esforço. Não deve focar só em andar para ganhar algo com aquilo, como acontece muito. Começam já com esse foco em rankings, patrocínios, e quando você faz isso sem estar gostando, sem ter a verdadeira essência, você acaba se decepcionando porque descobre que não é tão fácil".

Mel: "Pra mina iniciante, o legal é manter o foco e andar de skate na boa, na humildade, depois se dedicar e realizar o sonho".

2. E o temido PRECONCEITO, meninas?


 Mel: "Quando comecei, meus pais não gostaram... Mas Eu comprei meu skate com o dinheiro do meu trampo, ai sim eles viram que eu realmente gostava, e que skate é como qualquer outro esporte".


Marciely: "Acho que tá bem menos, as meninas já tão mostrando que podem ter seu espaço, não só no skate, como em outros esportes.
E os que vem da família ou da rua?Quando você faz o que você gosta, quando você ta feliz com aquilo, você acaba não ligando pra alguns mimimis. Eu ainda enfrento isso na família, por ser a mais nova. Eles ficam falando suas profissões e falam de mim: "e ela, skatista", tipo zombando. Mas eu não ligo".

3. E quanto aos pais? Como enfrentar ou não essa situação ainda sendo menor de idade?

Marciely: "Ah, eu sou menor, e eu encarei mesmo! Mas acho que foi a confiança que passei pra minha mãe que ela viu que não é porque eu virei skatista que eu deixei de estudar, que eu me tornei uma má pessoa, ou que uso drogas.

Tathy: "Eu sempre fui apaixonada por skate, mas meus pais nunca me deixaram andar. Compraram um skate bad e eu só podia andar dentro de casa, então ficava assistindo vídeos, e até andava sozinha em casa às vezes. Quando fiquei maior de idade, comecei a trabalhar e a dirigir, aí que comecei a andar de skate mesmo. Pena que agora tenho mil compromissos, mas quem gosta não tem barreira não".

4. Bom, todo mundo sabe que há uma rincha épica entre as Skatistas e as famosas "modinhas". O que vocês acham delas? É possível identifica-las?

Mel: "Ah, "modinha" tem de monte. Tipo aquelas pessoas que só andam de skate pra se aparecer ou pra tirar fotos dizendo que é "skatista". O skate pra quem tem foco é bem diferente. É visível a diferença, sabe!".

Marciely: “Eu acho que "modinhas" tem um lado positivo e negativo. Tipo, o lado positivo é que acaba se tornando mais comum pra sociedade ver uma menina andando de skate, e pelo modo de se vestir, de andar. Mas por elas terem um estilo mais "feminino", acaba sendo um lado negativo no skate feminino de verdade, porque com isso muitas pessoas não enxergam a verdadeira essência do skate. As modinhas andam por andar, por algo passageiro que tá na moda. Mas os que tem a essência sabem o que é ser skatista, que não é só por e estar ali em cima do skate ou manobrando".

Tathy: "Acho que nem rola se preocupar com isso. Primeiro que querendo ou não ajuda a movimentar o mercado e outra que: quem é de verdade, permanece".

5. E sobre o "estilo"? Vocês acham que vão adquirindo ele com o tempo, ou acreditam que já nascem com esse naipe "largadona" e "boca suja" (gírias) de ser?

Mel: "Eu acredito que nascemos com esse estilo. kkkk Em relação às roupas, elas definem a nossa personalidade e escolhas. Quanto à "boca suja" e tals, é a nossa marca. Quando você erra uma manobra, você xinga até o seu cachorro kkkkkkk".

Marciely: "Acho que você adquire, porque você vai conhecendo outras culturas, pessoas, tendo experiências, e aí vai descobrindo seu estilo, tanto de vestir, como de ver o skate, de pensar, e por ai vai".

Tathy: "Eu conheço um cara que anda muito de skate e não tem estilo nenhum relacionado kkk  Eu mesma nem curto palavrão, não fumo... O estilo de vestir eu sempre curti, então acho que isso vai da pessoa mesmo. Mas claro que tem gente que é super influenciado".

6. A respeito do rótulo de skatista serem "tudos vagabundos", procede, ou há exceções?

Mel: "Ah com certeza tem exceções. Claro que tem skatista que o sonho é só viver do skate, e, tipo, largam os estudos e tals. Mas tem gente que mesmo com o sonho de virar profissional, estuda e tem objetivos. Curtição e tals e ótimo, mas pensar em um futuro também né".

Marciely: "Depende do sentido vagabundo. Se vagabundo for você se divertir como criança, independente de idade, e ter esse estilo de vida do skate, procede sim kkk. Mas se for por usar drogas, não ter profissão, nem estudos, claro que isso tem e muitas exceções".

Tathy: "Essa fama vem da história. Quando era proibido andar de skate, os caras iam contra as leis pra andar e por causa do estilo largado, acabou criando esse estereótipo. Hoje a galera trabalha, estuda, e mesmo quem só anda de skate, esse é o trampo dele. Mas como em qualquer esporte, sempre tem os atoas que tão nem aí kkkk".

7. Vem cá, e por ser meninas? Qual a maior dificuldade que vocês já enfrentaram?

Mel: "Pra mim, como garota a gente se preocupa com a aparência e tals. Então foi quando eu caí uma vez e machuquei feio a boca... essa foi a maior dificuldade: ficar sem passar batom kkk Mas foi de boa. E também tem os olhares das pessoas, que é tipo: "vai pra casa,  lavar louça kkk".

Marciely: "A maior dificuldade que ainda passo é por ser menina e skatista, que não  tem o "padrão modelo da sociedade". E ainda é muito ruim, não tem como disfarçar. Você é vista como diferente por fazer o que gosta, andar do jeito que gosta, não seguindo esses padrões".

Tathy: "Acho que companhia pros rolês. Não tem muita menina que anda, e você tem que ir na coragem pra pista, apender com os meninos e se esforçar mais pra tá no meio.
No meu caso, também por ser menina na minha adolescência, meu pais não deixaram eu andar na rua".

8. Certo. Mas como os meninos te tratam nos rolês?

Mel: "Com os amigos é bem de boa. E como sou iniciante, os que não me conhecem, quando vêem que não sou "modinha" - haha - eles me ensinam as manobras. Tem alguns q não gostam, mas pra mim é indiferente... Pelo menos nas pistas que eu vou e são públicas haha".

Marciely: "Ah, eu sou muito mais "skate" que vários meninos marreteiros por aí haha. E sempre  respeito todos, assim sou respeitada também. Mas, de preferência, ando com os de verdade que aí não rola treta kkk".

Tathy: "Não rola aquela amizade de chamar pro role. De chamar pros camps (campeonato) fora da city. Mas quando eu colo na pista eu sempre sou MUITO bem tratada, nunca sofri preconceito nenhum. Pelo contrário. Além do respeito, eles dão várias dicas".

Bem! Por último meninas, gostaria que vocês definissem o SKATE em uma frase.

Mel: "Liberdade e rumo".

Tathy: "Um esporte que acabou virando estilo de vida".


E para um incentivo a mais, a skatista amadora Pipa Souza, deixa seu depoimento pra gente.



         "Eu descobri o skate quando eu tinha 13 anos, eu não tinha renda alguma e muito menos apoio da minha mãe. Quando somos mais novos, tudo parece ser mais difícil e tudo parece ser mais distante, mas se pararmos para pensar, tudo depende somente de nós.

Foi aí que eu percebi que para seguir andando de skate, eu ia ter que conseguir motivação sozinha. Comecei a trabalhar no primeiro trampo que apareceu, comprava meus shapes e tênis numa boa. Se não fosse por essas condições, talvez eu não tivesse amadurecido tão cedo.

Posso dizer que o skate me ensinou o significado da palavra independência! Em relação ao preconceito por ser menina que anda de skate, eu nunca sofri. Meus amigos sempre acharam legal ter uma garota no rolê.

O maior preconceito que sofri foi dentro de casa e nas ruas, por causa da minha sexualidade. Nada que não possamos resolver com um bom diálogo e mostrar para nossos pais que não tem nada de errado em andar de skate e nada que um "foda-se" não resolva, caso algum homofóbico venha tentar te encher o saco.

Acredito que hoje em dia ainda podem acontecer casos de preconceito sim, mas quando descobrem sobre a sexualidade de algumas meninas que andam de skate.

Quanto a isso, passa por cima e bola pra frente, porque a sociedade ainda tem muito que evoluir". 

Instagram: @pipasouza
Twitter: @pipaskate
Fanpage: Pipa Souza

Bom pessoal, essa foi a matéria sobre esportes. Vimos que skate é esporte de menina SIM!!! Então se você se identifica, tem vontade de aprender, conhecer não ligue para opiniões de terceiros. Beijos e até a próxima.




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